A alergia alimentar acomete preferencialmente crianças, atingindo até 8% das crianças nos primeiros três anos de vida. Entre os adultos, cerca de 2% podem apresentar alergia alimentar. A alergia ao leite de vaca (ALV) é uma das mais comuns alergias alimentares na infância.

Alergia alimentar é uma reação anormal à ingestão de um alimento, que envolve o sistema imune.

O leite vaca possui em sua composição três proteínas principais que podem causar alergia alimentar: alfa- lactoalbumina, beta- lactoglobulina e a caseína. Aqui vale lembrar que, lactose é o açúcar do leite, e nada tem a ver com alergia alimentar. A lactose pode levar a outra doença, chamada Intolerância a lactose.

As manifestações clínicas (sinais e sintomas) de uma reação alérgica alimentar podem ser desde leves até reações graves e fatais:

Quanto ao tempo de aparecimento dos sintomas, a ALV:

Felizmente, a maioria das crianças deixa de ser alérgica ao leite de vaca com o passar dos anos (tolerância ao leite de vaca). Porém, a reintrodução deste alimento só deverá ser feita após exames e orientação médica.

Reações graves, de início rápido, que colocam em risco a vida, e necessitam de atendimento imediato em pronto socorro são chamadas anafiláticas, ou choque anafilático. Geralmente o paciente apresenta dispnéia (falta de ar), sensação de morte iminente, pressão baixa, desmaio e até a morte. Lesões cutâneas também podem estar presentes.

O diagnóstico da ALV é realizado através da história clínica, dos testes alérgicos e testes de provocação. Para pacientes que apresentam as reações tardias, os exames laboratoriais e cutâneos têm pouca ou nenhuma validade, sendo fundamentais os testes de provocação.

Importante salientar que na ausência de sinais e sintomas, um exame positivo não pode ser denominado alergia, apenas sensibilização ao leite de vaca. Para considerar o paciente alérgico ao leite de vaca é fundamental a presença dos sinais e sintomas juntamente com os testes positivos. Muitas vezes um alimento é retirado da dieta de um paciente sem comprovação clínica, trazendo prejuízo ao seu estado nutricional. No caso de crianças, o crescimento e o desenvolvimento podem estar comprometidos por um diagnóstico errôneo.

O tratamento é baseado em:

As fórmulas infantis de soja são alimentos nutricionalmente adequados e balanceados, sendo destinados à alimentação das crianças menores de um ano de idade, e estão de acordo com as recomendações nutricionais internacionais.

Por outro lado, as bebidas a base de soja são alternativas possíveis, mas incompletas, indicadas apenas para crianças acima de um ano de idade.

A presença do cálcio nas fórmulas, em quantidades ótimas, é fundamental para o crescimento da criança com alergia ao leite de vaca, uma vez que o cálcio desempenha importante função na formação e manutenção de ossos e dentes. O cálcio proveniente dos vegetais (brócolis, couve, espinafre, figo) não é suficiente para suprir as necessidades diárias.

Evolução

A maioria dos pacientes com alergia ao leite de vaca consegue voltar a usá-lo após um período de restrição em torno de três anos. Numa parcela menor de pacientes, há necessidade constante de reavaliações para saber o momento adequado para a liberação da dieta.

Os exames podem ser repetidos anualmente para avaliar se o alimento já pode ser reintroduzido, sem causar reações no paciente. Outros exames podem ser realizados para acompanhamento nutricional.

Para os casos graves (anafilaxia) deve ser determinado um plano de emergência, com orientações ao paciente ou cuidador, medicações necessárias, e um contato telefônico de serviço médico.

Algumas orientações são muito importantes:

Atualmente, o melhor método de prevenção das alergias alimentares é o aleitamento materno, sendo a introdução precoce dos sólidos na dieta do lactente (antes do sexto mês de vida), o grande responsável pela sensibilização alimentar.